terça-feira, 31 de agosto de 2010

PIPA? PAPAGAIO? ARRAIA?


Este artefato tão frágil e efêmero pode dizer da cidade, da sua história, da sua cultura, do seu povo? Fugidio, breve, fugaz, coisa de criança, prática dos pequenos, arte do fraco, o que este artefato poderia contar sobre o urbano?
As pipas de Goiânia podem ensinar sobre como vivemos, sobre nossas escolhas, nossas lutas, enfrentamentos e desistências como povo que habita a cidade-capital de Goiás. Poderia, particularmente, expor as contradições e paradoxos do urbano goianiense?
São estas as interrogações que animam o HISCORPO (Grupo de pesquisas, estudos e trabalho em historio do corpo em Goiânia) para a realização do FESTIVAL DE PIPAS COM GRUDE...E SEM CEROL que representa um elogio a história das práticas corporais ‘da gente modesta’ – os soltadores de pipas – ressaltando a arte de fazer, os usos e as operações sobre o artefato.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

FESTIVAL PIPA COM GRUDI ...E SEM CEROL!



Evento de extensão e cultura composto de oficinas, palestras e experiências relacionadas à história da pipa em Goiânia com ênfase: 1) na recomposição dos modos de fazer e soltar a pipa na cultura corporal goianiense; 2) no reconhecimento das relações entre crianças de bairros, setores e regiões goianienses a partir da construção e uso de distintos modelos de pipa; e 3) na problematização sobre a progressiva deteriorização dos espaços de lazer que permitem a prática da pipa ensejando o debate e a prática da busca de espaços qualificados para o lazer comunitário na cidade de Goiânia. O Festival deverá integrar a programação relativa às festividades de comemoração dos quarenta anos do Museu Antropológico da UFG sendo que seu encerramento está previsto para o dia 09 de setembro de 2010.

O Festival Pipa com Grudi...e sem cerol faz parte das ações propostas pelo Grupo de pesquisas, estudos e trabalho em história do corpo em Goiânia (HISCORPO) da Faculdade de Educação Física da UFG que vem dar a conhecer e socializar os resultados parciais obtidos na pesquisa Educação e cultura na história das práticas corporais em Goiânia (1935-2005).

FESTIVAL PIPA COM GRUDI ...E SEM CEROL!

PROJETOS DE EXTENSÃO


FESTIVAL PIPA COM GRUDI ...E SEM CEROL!

Evento de extensão e cultura composto de oficinas, palestras e experiências relacionadas à história da pipa em Goiânia com ênfase: 1) na recomposição dos modos de fazer e soltar a pipa na cultura corporal goianiense; 2) no reconhecimento das relações entre crianças de bairros, setores e regiões goianienses a partir da construção e uso de distintos modelos de pipa; e 3) na problematização sobre a progressiva deteriorização dos espaços de lazer que permitem a prática da pipa ensejando o debate e a prática da busca de espaços qualificados para o lazer comunitário na cidade de Goiânia. O Festival deverá integrar a programação relativa às festividades de comemoração dos quarenta anos do Museu Antropológico da UFG sendo que seu encerramento está previsto para o dia 09 de setembro de 2010.

Justificativa:
A proposta prima pela reconstituição das ‘artes de fazer’ relacionadas a um artefato cultural, a pipa, na cidade de Goiânia inserindo-se na perspectiva de uma história das ‘práticas comuns’ ou ainda das práticas do cotidiano, como propõe Michel de Certeau (1994). Para este autor, tais práticas, ao contrário de apenas reproduzirem a cultura da sociedade de consumo, se constituem como ‘uma produção’ de sujeitos aparentemente entregues à dominação e considerados como meros consumidores da cultura de massas. Ressaltam-se aí as operações (as artes de fazer, os usos, as operações) realizadas por tais sujeitos sobre os objetos de consumo.
Toma-se como pressuposto que o urbano é o lugar no qual há uma cultura (capitalista, burguesa) que trama e maquina sem que se tenha consciência de sua ação sobre os sujeitos. Considera-se, portanto, que as pipas são artefatos culturais que expõem os rastros das cidades: elas nos chamam a flanar no urbano e a perscrutar os seus cantos, adentrar seus vazios, espionar os cantos disciplinarizantes dos shoppings-mercado convidando-nos a reaver a “alma encantadora da cidade”, como bem nos ensinou João do Rio (1997) sobre o Rio de Janeiro no começo dos novecentos.
A pipa, esse significativo artefato da cultura material na história das práticas corporais goianienses, se insere na perspectiva de afirmação de da ação tática subterrânea, típica daqueles que não detém força para abalar as fundações do sistema econômico dominante. Ao cartografar os céus da cidade, as pipas buscam afirmar uma forma de tempo distinta do frenético tempo capitalista, fazendo uma história do tempo presente, comum. Como diz Paul Veyne (Ed. 70 : 54), “Dado que tudo é histórico, a história será o que escolhermos.” As pipas nos céus fazem, então, uma história do tempo presente que se faz - não em grandes acontecimentos -, mas no cotidiano que é o lugar político desta história. Aberto, o cotidiano – e nele, as pipas - expõe a transitoriedade como práxis aberta da existência (CERTEAU, 1990).
Assim, os soltadores de pipas traçam caminhos que invadem os cantos do urbano sugerindo pontes (ligações, relações, diálogos) entre a cidade partida - entre o asfalto e a poeira, o pobre e o rico, entre o antes e o depois, entre passado e presente - lembrando o mundo sobreterraneo (CARVALHO,1987) da cultura das elites engolido pelo mundo subterrâneo da cultura popular.
Neste sentido, o Festival assume a perspectiva de que a pipa – sua construção e uso – é uma produção histórica de sujeitos despossuídos de poder (crianças, jovens, principalmente, crianças e jovens pobres de Goiânia) que, através das maneiras de usar e fazer, atuam nas brechas do sistema dominante inventando uma poética do cotidiano no centro do Brasil. O Festival se propõe dar a conhecer a historicidade desta produção essencialmente infanto-juvenil e, para tanto ressalta a partir de relatos orais de velhos e jovens habitantes da cidade-capital: 1) dois modelos de pipa e seus respectivos usos pelas crianças e jovens goianienses; 2) o uso de diferentes tipos de material colante na construção da pipa, inclusive, a cola artesanal conhecida como grudi; e 3) a transformação dos nomes deste artefato na história do corpo em Goiânia.
O foco previlegiado da proposta dirige-se, portanto, à história da cultura corporal urbana na cidade-capital goiana privilegiando as práticas corporais da ‘da gente modesta’ (DAVIS, 1990) – os soltadores de pipas - e suas operações sobre o artefato. Desta perspectiva, o Festival também intenciona estimular o debate sobre os limites e conseqüências dos usos da pipa em uma cidade - como Goiânia - que tem vivenciado um intenso processo de especulação imobiliária e ocupação desordenada do espaço bem como do acelerado avanço da violência urbana. A proposta pretende contribuir para a ampliação do debate das problemáticas suscitadas pela prática da pipa (uso do cerol, acidentes com redes elétricas, etc.) associando-as à progressiva redução e deteriorização de espaços de lazer comunitário nos quais crianças, jovens e adultos possam soltar pipas em segurança.


Objetivo geral:
Tematizar a história da pipa enquanto um significativo artefato da cultura corporal na história do corpo em Goiânia.


Objetivos específicos:
1) reconstituir a construção artesanal deste artefato na cultura corporal da infância e da juventude goianiense ressaltando suas transformações ao longo do tempo;
2) evidenciar os diferentes modelos e formas de empinar a pipa presentes na história da cidade e as relações historicamente construídas entre crianças de bairros, setores e regiões da cidade de Goiânia em torno dos modelos e dos modos de soltar pipas;
3) Instaurar um debate acerca do espaço urbano e os efeitos e impactos da sua ocupação para a prática da pipa em Goiânia, em especial, ressaltando a questão do uso do cerol; e
4) estimular iniciativas para a ocupação cidadã de espaços públicos adequados a prática da pipa (praças, escolas, parques, complexos poliesportivos, museus, campi universitários, etc.) ensejando o debate e a prática da busca de espaços qualificados para o lazer comunitário.

Parceiros:
NUDIPE/FEF
Disciplina Metodologia do ensino e da pesquisa em jogos, brinquedos e brincadeiras (FEF/UFG)
Museu Antropológico/ UFG
Faculdade de Artes Cênicas/UFG
Instituto de Ciências Biológicas/UFG
Associação dos Moradores do Setor Nova Vila